Em 18 de março, seguindo as orientações da OMS, o MEC determinou a paralisação das atividades educacionais presenciais e autorizou, em caráter excepcional e temporário, a substituição das disciplinas presenciais por aulas a distância nas instituições de ensino superior (privadas e públicas) por 30 dias.
Diante desse contexto excepcional, as escolas, também paralisadas, adotaram ferramentas capazes de permitir atividades remotas, cuja finalidade é minimizar o impacto desse cenário no processo de aprendizagem. De um dia para o outro, as famílias tiveram lidar com a realidade da educação domiciliar provisória ou Homeschooling.
Como as escolas estão lidando com o assunto?
A estratégia aplicada vai depender das orientações das instituições de ensino, faixa etária da criança e do interesse dos pais. Algumas escolas optaram pelo uso de plataformas digitais para transmitir aulas online, compartilhar tarefas e acompanhar o acesso dos alunos. Geralmente, esta ação está sendo mais comum às turmas do fundamental e médio.
Por exemplo, a secretaria de educação do estado do Amazonas seguiu o caminho da China e disponibilizou três canais da TV aberta para transmitir aulas do fundamental II e ensino médio. Os materiais de apoio e exercícios serão disponibilizados pelas plataformas Saber+ e o AVA do governo. No Rio de Janeiro, as escolas municipais e estaduais, em parceria com a Google, adotaram o app Classroom. Aos alunos que não tenham acesso a internet, garantiu-se o envio de material impresso. Para instituições particulares que não tenham suas próprias plataformas, a Secretaria de Educação prometeu viabilizar o serviço junto ao Google. A Seeduc fornecerá ainda o conteúdo didático para colégios privados, caso isso seja necessário.
A importância da empatia
A maioria das família precisam conciliar o trabalho (que neste momento se torna homeoffice), a administração da casa e cuidados preventivos com a saúde de todos os membros à educação das crianças. É normal que os pais se sintam frustrados e ansiosos diante da suposta responsabilidade ensinar seus filhos.
Não se espera uma pandemia, fomos pegos de surpresa e estamos vivendo em um cenário extraordinário. As soluções estão sendo criadas numa velocidade nunca vista; ainda assim, é provável que muitas coisas não saiam como planejado; e é normal que isso aconteça. Portanto, é importante considerar um aspecto significativo da comunidade escolar, muito mais significativo do que qualquer conteúdo curricular, que é o trabalho em equipe, resultando em coletividade e empatia.
Portanto, não se cobre tanto. Não se obrigue ser mais eficiente trabalhando em casa, não exija das crianças rendimento acima da média, não queira resolver toda sua vida neste momento. Ninguém estava preparado para isso, o que precisamos é acolher as dificuldades e pensar em alternativas para nos adaptarmos a esta realidade.
ACOLHIMENTO / ADAPTAÇÃO / EMPATIA ➝ COMPORTAMENTO PRÓ-SOCIAL
Por mais que o uso de ferramentas digitais seja uma realidade no contexto educacional, a maioria das escolas e professores ainda não estão 100% preparados para lidar com a “virtualização da presencialidade”.
Não estamos nos referindo apenas à aula propriamente dita, mas toda a rotina de planejamento, reuniões, alinhamento de ideias e trocas estão acontecendo de maneira remota. Considerando todas as obrigações acadêmicas, alertamos à comunidade escolar sobre a importância da empatia entre os funcionários.
Como fica a educação dos pequenos nesse contexto?
No âmbito da educação infantil, o plano de ação é um pouco diferente: minimizar os impactos do distanciamento social indicado pelo Ministério da Saúde. A educação infantil na quarentena deve ter como objetivo principal manter o vínculo com as crianças.
O cotidiano vai se tornar é o principal conteúdo para as crianças, e neste momento cabe à escola, considerando as particularidades de cada estrutura familiar e realidade socioeconômica, orientar as famílias na proposição de atividades.
É neste contexto que os pais assumem a função de mediador. Aos pais cabe criar, seguindo as orientações dos professores, situações de aprendizagens no contexto familiar capazes de oportunizar experiências positivas para a criança.
Estar em casa não é estar de férias, mas também não é estar na escola
É sempre muito importante destacar que as crianças (até 6 anos ou primeira infância) aprendem através da interação social e brincadeiras. Brincar é a linguagem da criança, e é através destes dois meios que elas desenvolvem habilidades e criam laços afetivo > motivação, vínculo, afeto, encontro, descoberta, etc.
O mais importante é não ficar perdido entre quatro paredes, e pensando nisso separamos algumas dicas de tarefas e hábitos que podemos fazer/adotar durante e depois desse período de quarentena.
Dicas práticas:
- Fique desperto!
A primeira coisa a se fazer é muito simples: preste atenção à criança. Perceba e respeite seus interesses e ritmo. Nós, adultos, estamos acostumados a prender a atenção dos mais jovens com interações que nós julgamos interessantes; mas experimente dar vez e voz a elas. Você irá notar a relevância em ouvi-la, observá-la e estar presente.
- Oportunize o tempo livre!
Algumas vão gostar de manusear alimentos e entender o seu preparo, outras vão prestar atenção nos pequenos consertos da casa e como funcionam das coisas, também existem aquelas que atentas às conversas e notícias, farão uma avalanche de perguntas. Utilize estas oportunidades para interagir!
O segundo momento é dedicado a criar, adaptar ou monir o ambiente com ferramentas que estimulem o potencial criativo da criança. Vale resgatar jogos e brinquedos educativos, lápis, papel, tintas, massa de modelar…
A criança não é só cognitivo, como todo ser humano ela tem lado emocional e artístico em desenvolvimento. Despertar o interesse de uma criança não é fazer com que ela fique ocupada; isso pode gerar um quadro de ansiedade e esgotamento mental.
Uma vida ocupada demais é uma vida vazia, sem tempo de olharmos pra dentro é capaz de nunca descobrimos o que realmente nos dá prazer. Enquanto adultos, somos capazes de medir nossa necessidade de desacelerar, mas as crianças ainda precisam de ajuda para vivenciar este momento de deixar-se maravilhar com gostos e habilidades descobertas. Use este tempo para descobrir junto com seu filho, use este tempo para propor atividades que reforcem vínculos!
- Não se cobre tanto!
Muitos pais estão trabalhando pela primeira vez de casa, se adaptar à realidade home office e supervisionar os filhos, também em casa, pode se tornar um cenário estressante. Por isso, abandone a ideia de controle, os pais não devem assumir a função docente; aos pais cabe apoiar o estudos dos mais velhos e proporcionar momentos que oportunizam aprendizagens para os mais novos.
- Mantenha uma rotina!
Crianças precisam de previsibilidade e regularidade. Ao acordar, tome banho e troque de roupa, adote rituais para que seu corpo e mente reconheçam cada etapa do dia. Assim, mais fácil se adaptar ao novo ritmo de vida.
- Não perca contato!
Seja virtualmente, ligação ou na varanda de sua casa. Não deixe de interagir com amigos e familiares. É muito importante manter uma rede de apoio que ajude a preservar a experiência social mesmo que remotamente. Compartilhe experiências, troque informações, etc.
- Explore possibilidades!
Seja criativo. Invente e teste uma nova brincadeira, uma nova receita, um novo lugar para ler ou trabalhar. Tudo pode ser transformado a partir de um novo olhar. Resgate revistas e jornais antigos, faça arte com seus filhos e sobrinhos. Misture cores, modele, crie uma história, teatralize.
- Se movimente!
Importante manter-se saudável. Zele por uma alimentação nutritiva e atividades físicas frequentes. Não é preciso grandes esforços, vá até área externa ou afaste um pouco os móveis; se alongue, brinque com seu filho, treine mobilidade com ele.
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Desafios de dança e mímica são muito divertidos e trabalham a percepção corporal, flexibilidade e a coordenação motora. Não podemos esquecer das brincadeiras tradicionais: galinha choca, amarelinha, pular corda, peteca. Resgate brincadeiras de outras gerações.
Cardápio de brincadeiras e brinquedos
- Cuide!
Se dedique a cuidar de algo. Pode ser outra uma vida ou um propósito. Se você já tem animais de estimação, não perca esta oportunidade de estar mais próximo. Caso contrário, cultive uma planta e observe o seu desenvolvimento. O famoso feijão no algodão pode estar ultrapassado, mas a internet está cheia de vídeos que ensinam o cultivo de plantas belíssimas a partir de talos ou bulbos de alguns alimentos
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- Organize!
Reconfigure e libere espaços, desapegue de itens esquecidos ou acumulados.
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- Tenha um hobby!
Aprenda algo novo ou se dedique àquele hábito que lhe era tão agradável e foi perdido ou por falta de tempo ou por razões que não podemos controlar.
- Dê autonomia!
Permita que as crianças assumam algumas tarefas do dia-a-dia. Observe suas capacidades, meça seu interesse e avalie as tarefas de acordo com as faixas etárias. Pode ser arrumar os brinquedos, organizar a despensa junto com os pais, guardar suas roupas, etc.
- Leia mais!
O hábito da leitura é uma ótima ferramenta para passar o tempo, aprender sobre coisas novas, melhorar a escrita e o vocabulário. A leitura para as crianças é ainda mais importante, pois estimula habilidade relacionadas a criatividade, expressividade, atenção, etc.
Trabalhar com o lúdico, representar, contar histórias são aspectos presentes no processo de letramento que faz parte da alfabetização. Portanto, aos pais não cabe alfabetizar seus filhos; não poderão cobrir este conteúdo. Mas, é possível atender a parte do processo de letramento.
Confira: Programa Conta pra Mim
No final de 2019, o MEC criou o Conta pra mim; um programa voltado pais e filhos que incentiva a literacia família para crianças de até 6 anos. O ministério da educação desenvolveu um estudo sobre os benefícios no desenvolvimento intelectual que a prática da leitura dialogada dos pais para seus filhos. A literacia familiar utiliza a prática da leitura para fortalecer o carinho, amor e afetividade entre a criança e a família. Os benefícios práticos são: desenvolvimento do vocabulário receptivo (palavras que a criança entende) e expressivo (palavras que a criança utiliza na fala), consciência fonológica (a criança reconhece e manipula sons da fala com mais facilidade, à exemplos de palavras, sílabas e rimas) e fonética (a criança reconhece os fonemas), desenvolve as funções executivas (controle inibitório, atenção, memória de trabalho), melhora a capacidade de interação verbal, etc. Antes de começar a ler para seu filho, é interessante prestar atenção aos seguintes aspectos: ● Observe a criança (fala, gestos, expressões). |
Que a gente possa antever os possíveis efeito e repensar o papel da escola. Acreditamos que neste momento, o mais importante é zelar pela saúde mental das crianças e dos jovens do que buscar cobrir todo conteúdo curricular. Que o nosso recado reverbere sobre as famílias, os gestores de unidades escolares e os professores. E o mais importante: Evite aglomerações, mas não fique sozinho!