Apenas 25% da população leitora brasileira lê por gosto — é o que nos diz a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Outro dado interessante levantado pela pesquisa diz respeito à influência na formação de leitores: na faixa etária até os 13 anos, a presença de uma figura de influência, como os pais ou professores, é muito marcante. Isso porque é nesse período que surgem as melhores oportunidades para as práticas de leitura e mediação, estando os jovens leitores mais abertos às variadas indicações das práticas mediacionais.
A figura do mediador de leitura, enquanto aquele que cria pontes entre os livros e os leitores, criando as condições necessárias para que livro e leitor se encontrem, é de fundamental importância no processo de formação de leitores. É por essa característica de conexão que a mediação se transforma em um diálogo articulado, a partir do qual o leitor em formação é visto como um indivíduo cujas ideias e expectativas são relevantes. Lembremos das palavras de Paulo Freire (1989):
A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
Cabe ao mediador ir ao encontro dos leitores, despertando inquietudes de forma a torná-los sujeitos autônomos, capazes de exercer por si próprios o direito de crítica e de liberdade. Para além disso, o mediador será capaz de estimular os leitores a compartilhar suas experiências e pontos de vista, permitindo que se apropriem da leitura para fazer circular suas ideias.
Assim, o mediador — como guia e conciliador — consegue entregar aos leitores o protagonismo pelo ato de ler, equilibrando prazer e compromisso pela leitura. Como afirmam Armelin e Godoy (2011):
O processo de formação do leitor é longo e ocorre pela mediação de leitores mais experientes e pela interação com diferentes suportes e gêneros discursivos. Muito antes de ser capaz de compreender o funcionamento do sistema alfabético, o sujeito imerso numa sociedade letrada busca entender o que significam os escritos presentes no mundo em que vive e pode entrar no mundo da escrita pela mão, pelo olhar e pela voz de outras pessoas.