Os teóricos, professores, alunos e todos aqueles que pensam e atuam no fazer da educação a distância se deparam prontamente com o conceito de “distância” no processo de ensino-aprendizagem.
Nesta modalidade de educação, destacam-se três tipos de distância no ensino-aprendizagem: a espacial, a temporal e a transacional. Sendo a espacial medida pelo espaço físico, a temporal pelo tempo e a transacional pelo espaço psicológico e comunicacional, todas elas em relação às ações dos atores desse processo: aluno-professor, aluno-aluno e aluno-conteúdo.
O foco deste artigo será a distância transacional, por considerarmos como a que é mais percebida pelo aluno. Para isso, devemos evocar Moore (2002), autor que propôs o conceito transacional. Para ele, os três pilares que permeiam essa percepção de distância transacional são: o diálogo, a estrutura e a autonomia.
… qualquer que seja a dinâmica de cada transação de ensino-aprendizagem, um dos fatores determinantes para o nível de redução da distância transacional é a possibilidade de diálogo entre alunos e instrutores, bem como a extensão em que ele se dá.
Vale a pena pontuar que em seu artigo Moore utiliza o termo diálogo como uma interação positiva em que as partes são colaborativas e que em uma relação educacional seria utilizado para o “aperfeiçoamento da compreensão por parte do aluno”. Por outro lado, a estrutura estaria ligada ao programa utilizado no curso, pois é através dele que se criam oportunidades adequadas para o diálogo. Por fim, ressaltamos que o autor se apoia num modelo de educação a distância baseado na autonomia e na independência do aluno, sendo o professor um facilitador do processo de aquisição do conhecimento e incentivador do aluno.
Como podemos traduzir isso para a construção de um curso?
O censo sobre EAD de 2016 lançado pela ABED — Associação Brasileira de Educação a Distância, por exemplo, aponta que os recursos mais utilizados na construção de cursos on-line foram o e-mail, o fórum, os chats, as videoconferências, ferramentas de aviso, entre outros. Isso nos leva a refletir que estes os espaços, em que há uma proposição de troca professor-aluno, aluno-aluno e aluno- conteúdo, podem ser indícios de que há uma busca pela aproximação da relação entre os atores do ensino-aprendizagem.
Seriam esses recursos suficientes?
Podemos dizer que não. Os recursos devem ser apenas os espaços para que haja a interação, em uma educação tradicional eles se assemelhariam ao espaço da sala de aula.
O desafio palpável para a construção de um curso a distância é o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa que favoreça as interações humanas, pois são elas que regem e dão o tom para a troca de experiências e construção do conhecimento de maneira colaborativa, além de serem o ponto focal para que haja uma diminuição no distanciamento transacional.
Portanto, talvez a maior necessidade possa se dar na reflexão de como podemos trabalhar essa colaboração e diálogo entre todos os atores da educação a distância, esse desafio nos dá a possibilidade de repensar comportamentos e estratégias. E a melhor parte de toda essa construção é ter em mente que essa modalidade ainda está aberta para pensar, repensar e colocar em prática diferentes modelos e metodologias, pois a liberdade para conhecer, testar e experimentar permeia sua formação.